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O que seu Psiquiatra gostaria que você soubesse sobre TDAH

Atualizado: 3 de fev.


Quais os sinais de desatenção?

A desatenção manifesta-se com divagação na hora de conversar ou realizar tarefas, falta de persistência, iniciando várias atividades e abandonando-as antes de concluir, dificuldade de manter o foco naquilo que está fazendo, frequente distração com os estímulos externos do ambiente ou com os próprios pensamentos, desorganização e perda de objetos com facilidade.

Ela não é uma consequência da falta de compreensão do que deve ser dito ou feito, a pessoa não consegue fazer o que é esperado por causa da falta de foco na atenção e não pela dificuldade de aprendizagem.


Quais os sinais de hiperatividade?

Hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva quando não apropriado, como remexer-se muito, correr de um lado para o outro, subir e descer escadas com frequência aumentada, batucar e conversar em excesso quando não é apropriado para ambiente. Pode se manifestar também como inquietude extrema ou esgotamento do outro com sua atividade.


Quais os sinais de impulsividade?

Impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento, sem premeditação e com elevado risco de causar danos para a pessoa. Ou seja, a pessoa age sem pensar nas consequências de seus atos. Pode ser reflexo de um desejo de recompensa imediata ou incapacidade de postergar a gratificação. Podem se manifestar com intromissões recorrentes, cortar outras pessoas quando estão falando, uso abusivo de álcool e drogas ilícitas, excesso de multas no trânsito, envolvimento em brigas e discussões e/ou tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo.


Curiosidades sobre o TDAH:

O TDAH começa na infância e vários sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos de idade. Manifestações do transtorno devem estar presentes em mais de um ambiente, como escola, casa e trabalho. O diagnóstico preciso envolve a consulta de outras pessoas que tenham visto o indivíduo em tais ambientes. É comum os sintomas variarem conforme o contexto. Sinais do transtorno podem ser mínimos quando a pessoa está recebendo uma recompensa pelo comportamento apropriado, está sob supervisão, está em uma situação nova, está envolvido em situações especialmente interessantes ou está interagindo em situações individualizadas como durante uma consulta.


Quanto custa não tratar o TDAH?

O TDAH não tratado está associado ao baixo desempenho escolar e sucesso acadêmico reduzido, rejeição social, pior desempenho, sucesso e assiduidade no trabalho, maior probabilidade de desemprego, conflitos interpessoais, acidentes e violações de trânsito. A dificuldade de manter o esforço prolongado nas atividades diárias faz com que muitas vezes a pessoa seja vista como preguiçosa e irresponsável.


Características associadas que apoiam o diagnóstico...

Atrasos leves no desenvolvimento linguístico, motor ou social não são específicos do TDAH, embora costumem estar presentes. As características associadas podem incluir baixa tolerância às frustrações, irritabilidade ou oscilações de humor. O desempenho nos estudos e no trabalho costuma estar prejudicado.


Manifestações do TDAH ao longo da vida...

Muitos pais começam a identificar sinais de hiperatividade quando a criança começa a andar, mas muitas vezes é difícil diferenciar do comportamento normal, que é muito variável antes dos 4 anos de idade. O TDAH costuma ser identificado com mais frequência no ensino fundamental, com a falta de foco ficando mais evidente e prejudicial na escola. Muitos indivíduos apresentam piora do curso na adolescência, com o desenvolvimento de comportamentos antissociais.

Na maioria das pessoas com TDAH, as manifestações de hiperatividade motora ficam menos evidentes na adolescência e na vida adulta, embora continuem as dificuldades com planejamento de suas atividades, inquietude, desatenção e impulsividade. Boa parte das crianças com TDAH permanece prejudicada na vida adulta.

Na pré-escola, a principal manifestação é a hiperatividade. A desatenção fica mais evidente no ensino fundamental. Na adolescência, sinais de hiperatividade são menos comuns, podendo limitar-se a comportamento mais irrequieto, inquietude, sensação interna de nervosismo e impaciência. Na vida adulta, além da desatenção e da inquietude, a impulsividade pode permanecer problemática.


É TDAH ou Ansiedade?

O TDAH compartilha o sintoma de desatenção com os transtornos de ansiedade. Pessoas com TDAH são desatentas por causa de sua atração por estímulos externos, atividades novas ou predileção por atividades agradáveis. Isso é diferente da desatenção por preocupação e ruminação encontrada nos transtornos de ansiedade.


Como diferenciar TDAH de um Transtorno Específico da Aprendizagem?

Pessoas com um Transtorno Específico de Aprendizagem nas áreas da linguagem ou matemática, por exemplo, podem parecer desatentas devido a frustração, falta de interesse ou capacidade limitada. A desatenção em pessoas com esse transtorno, mas sem TDAH, não acarreta prejuízos fora dos ambientes acadêmicos. O TDAH, além de gerar prejuízos nos estudos, comumente atrapalha o trabalho, os relacionamentos interpessoais, a organização da rotina e pode desencadear até problemas com a justiça.


É TDAH ou Autismo?

As duas condições podem acarretar desatenção, disfunção social e comportamentos difíceis de lidar. As dificuldades de socialização e a rejeição pelos colegas encontradas em pessoas com TDAH devem ser diferenciadas da falta de envolvimento social, do isolamento e da indiferença a pistas de comunicação faciais e tonalidade de voz encontrados em pessoas autistas.

Pessoas com autismo podem ter ataques de raiva devido a incapacidade de tolerar mudanças e a dificuldade de sair do seu padrão inflexível de adesão a rotinas. Pessoas com TDAH podem se comportar mal ou ter um ataque de fúria devido a impulsividade e a dificuldade de controlar seus próprios comportamentos.


Depressão causa TDAH?

Depressão não causa TDAH. Pessoas deprimidas podem ter dificuldade de concentração, mas essa queixa fica mais proeminente durante o episódio depressivo. Depois que a depressão melhora, a concentração também deixa de causar tantos prejuízos.


Fatores de risco para TDAH:

Crianças que nascem com muito baixo peso (menos de 1.500 gramas) tem um risco de 2 a 3 vezes maior para TDAH. Embora o TDAH esteja correlacionado a tabagismo na gestação, parte dessa associação reflete um risco genético comum. Pode haver história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares adotivos, exposição a neurotoxinas (p. ex., chumbo), infecções (p.ex., encefalite) ou exposições ao álcool no útero.

O TDAH é frequente em parentes biológicos de primeiro grau com o transtorno. A herdabilidade genética é substancial. Padrões de interação familiar disfuncional provavelmente não causam TDAH, mas podem influenciar seu curso ou contribuir para o desenvolvimento secundário de problemas de conduta.


Como é o tratamento do TDAH?

O tratamento do TDAH é realizado com medicações psicoestimulantes, tais como Ritalina e Venvanse. Outras medicações utilizadas no tratamento são Bupropiona e Atomoxetina (Atentah). A escolha da medicação, pelo profissional de saúde, vai depender do perfil de sintomas e tolerância do paciente, bem como a presença ou não de comorbidades clínicas (cardiopatias, arritmias, epilepsia, hipertensão arterial, e outras) e psiquiátrica (ansiedade, tiques, e outras). Converse com seu psiquiatra sobre isso.


O que é o Metilfenidato (Ritalina)?

Metilfenidato é um estimulante do Sistema Nervoso Central. Ele inibe a recaptação de dopamina e da noradrenalina, aumentando a concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica. Também é um liberador de dopamina dos neurônios pré-sinápticos, mecanismo que o diferencia dos antidepressivos em termos de rapidez do início dos efeitos e de potência de ação. O seu efeito é percebido de 15 a 30 minutos após a ingestão, e seu pico plasmático ocorre em torno de 2 horas depois. Sua meia-vida é de 3 horas, mas o efeito costuma durar ao redor de 4 horas.

É uma das principais medicações usadas para o tratamento do TDAH/TDA, com o efeito dose-dependente, mas doses mais altas estão mais associadas a efeitos colaterais e interrupção do tratamento. Durante a titulação, as doses devem ser gradualmente aumentadas até que não haja mais melhora clínica do TDAH, tendo o cuidado para que os efeitos colaterais mantenham-se toleráveis. O medicamento deve ser descontinuado se não houver melhora após 1 mês de uso.

Recomenda-se administrar a última dose até as 18 horas, para evitar insônia. Na ausência desse efeito colateral, o uso da medicação deve ser feito conforme a necessidade do paciente. Em adultos não é raro ter que usar essa medicação após as 18 horas, e há estudos evidenciando que muitas vezes ocorre a melhora do sono em pacientes com TDAH.


Como funciona o Metilfenidato de liberação prolongada (Ritalina LA e Concerta)?

Formulações de liberação prolongada têm mostrado eficácia similar as do metilfenidato de liberação imediata. Essas formulações são usadas em dose única diária, o que favorece a adesão terapêutica.

O Concerta utiliza o sistema OROS, que foi desenvolvido para que uma única administração pela manhã liberasse o metilfenidato em 2 fases: uma inicial, de liberação imediata (cerca de 22% do medicamento), a partir do revestimento externo do comprimido, proporcionando rápida concentração plasmática, seguida por liberação osmoticamente controlada, a partir do núcleo do comprimido, que é lentamente liberado durante 12 horas. O comprimido de Concerta não deve ser mastigado, dividido ou amassado.

A Ritalina LA utiliza o sistema SODAS, que permite que 50% do medicamento (formulados como grânulos de liberação imediata) seja logo liberado por esse meio, fornecendo um rápido início de ação, e que os 50% restantes sejam liberados 4 horas depois da tomada, possibilitando uma única tomada diária.


Efeitos colaterais mais comuns do Metilfenidato (Ritalina. Ritalina LA e Concerta):

  • Boca seca

  • Diminuição do apetite

  • Nervosismo

  • Dor de cabeça

  • Oscilações de humor

  • Tristeza

  • Perda de peso

  • Insônia

  • Aumento da frequência cardíaca

  • Tonturas

  • Náuseas

  • Agitação


Como funciona a Lisdexanfetamina (Venvanse)?

Venvanse é um pró-fármaco pertencente às classes das fenetilaminas e anfetaminas. Seu efeito terapêutico ocorre pela ação da dextroanfetamina, uma amina simpaticomimética com atividade estimulante. Seu mecanismo de ação ocorre pelo bloqueio da recaptação de noradrenalina e dopamina no neurônio pré-sináptico, estimulando a liberação dessas substâncias na sinapse.

Foi desenvolvido com o objetivo de ser um estimulante de ação prolongada com menor potencial de abuso. O mecanismo farmacocinético, por meio de hidrólise com taxa de liberação constante da molécula ativa, faz o potencial para abuso ser menor do que a administração direta da molécula ativa.

É rapidamente absorvido quando tomado por via oral e apresenta seu pico de ação em torno de 3,5 horas. Seu efeito terapêutico tem duração média de 12 horas. O Venvanse é aprovado para o tratamento de TDAH e transtorno de compulsão alimentar. Deve ser tomado 1 vez ao dia, preferencialmente pela manhã, para se obter o benefício da medicação durante o dia e evitar a possível ocorrência de insônia à noite.


Efeitos colaterais mais comuns do Venvanse:

  • Diminuição do apetite

  • Insônia

  • Boca seca

  • Dor de cabeça

  • Irritabilidade


Como funciona a Atomoxetina (Atentah)?

A atomoxetina é um inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina pré-sináptico, aumentando os níveis dessa substância no córtex frontal, podendo melhorar a função cognitiva no TDAH.


Efeitos colaterais mais comuns do Atentah:

  • Dispepsia

  • Náusea

  • Vômito

  • Dor abdominal

  • Dor de cabeça

  • Fadiga

  • Diminuição do apetite

  • Tontura

  • Oscilações de humor


Referências Bibliográficas:

1- Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 / American Psychiatric Association; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento... et. al.- 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

2- Psicofármacos: consulta rápida/Organizadores, Aristides Volpato Cordioli, Carolina Benedetto Gallois, Luciano Isolan. -5.ed.-Porto Alegre:Artmed,2015.

 
 
 

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